A tarde não era quente nem fria e devia ser quarta-feira. Talvez houvesse um garoto na esquina arriscando malabares por trocados. Talvez as calçadas estivessem cheias de gente, talvez de lixo.
Era outono e o vento amarelo alaranjado trazia um gemido velado pela janela do quarto. Havia duas pessoas e havia uma toalha molhada na cama. Os lençóis estavam perfeitamente lisos.Só o homem falava. Uma confissão, uma prece e uma banalidade. A mulher via através da janela as velas brancas arqueadas no mar longe. Hoje o branco parecia uma cor tão antiga... Talvez devesse responder. Responderia se soubesse do que se tratava. Houve o silêncio e o som da porta fechando.
E ela deixou de amar.A tarde não era quente nem fria e devia ser quarta-feira. Malabares e trocados e calçadas e gente seguiam como antes. O outono e o vento tinham as mesmas cores. Ainda havia a toalha molhada na cama, e o lençol estava perfeitamente liso.