segunda-feira, março 26, 2007

teddy...

- Mas lá tem um monstro enorme... Tem, sim! E de dentes grandes e afiados...
e quando ele respira dá pra sentir o lençol tremendo!

- Que me importa? O que eu tenho a ver com isso?'

- Tem que ele só está esperando que eu durma pra me engolir inteiro. Sem nem mastigar! Você vai ter pesadelos horríveis pelo resto da sua vida... a culpa vai lhe consumir, ouviu!

- Bela tentativa, querido, mas você ainda vai ter que dormir no sofá até passar a ressaca.

[tem gente que eh esquisita mesmo...]

sexta-feira, março 09, 2007

gravidade

Parou no meio da música esquecendo a gaita a selar a boca. Procurou de olhos fixos na parede fria um pensamento bom. Na parede... que está descascando... amanhã é domingo. E guardou a gaita no bolso do paletó sobre a cadeira.
A TV muda brilhava um astronauta russo (ou polonês?) no quarto escuro. Eu devia ter sido astronauta. Ou marinheiro. Com quinze mulheres! E desligou a TV fugindo da companhia absurda.
Era advogado. Culpa da gravata vermelha que ganhou de uma tia aos oito.
Gastou quase dez minutos sentado à beira da cama. Era como contornar impacientemente a mesa da sala de jantar sem ter que contornar a mesa da sala de jantar.
Alô? Não, não é daqui. Não, meu senhor, não é! Bateu o telefone que acabara de tocar. Bateu e pulou para alcançá-lo novamente. Há horas impedia-se de tocar o aparelho e, quando houve a oportunidade, traiu-se. Tocou. Até quase quebrar cada tecla.
Quem você pensa que é?! Quem... o que é você? Que vil, estupida, pequena! Me diz, o que você fez com tudo?
Não ligou para ela. Ligou para o Felipe.
“Que que eu faço, cara? Que que eu faço agora?”
“...esquece, pô... Não pode fazer nada. E mulher é assim mesmo. Já isso passa.”
E encheu outra vez o copo de conhaque.

quinta-feira, março 01, 2007

......... ............

aquele espaço entre os dias
aquele instante quase imperceptível que fica
quando o encaixe imperfeito dos dias
deixa um tanto de tempo escapar
aquele milionésimo de segundo
- a conclusão de toda metafisica que se pode conceber.
aquele quase-nada entre a lembrança e a saudade
entre a saudade e o vazio

e a noite às vezes demora tanto...


[Os dias parecem grandes demais
quando se contam os minutos
E quando se contam os minutos
é mais fácil perder a conta]