Passava por entre o som e as pessoas na sala fechada. Os passos seguiam num volume ensurdecedor o ritmo da música - só assim conseguiam espaço por entre as centenas de braços e pernas que se moviam freneticamente. O cheiro úmido do ambiente lotado agora tomava seu ar, enquanto os tapas do som em seu peito o empurravam em direção à saida. Essa maldita luz piscando, e a série de choques de cotovelos e cinturas e corpos e pés o acompanhavam pelo caminho. A porta era longe, como era longe agora o copo que uma mão descontrolada acabara de fazer cair. Mais cotovelos e mais braços, e mais pernas e cinturas e lábios e frações inteiras de qualquer coisa - desses pés todos, quais seriam os seus?! - Um rosto, um rosto!! Não havia ninguém no caminho. Então, enquanto abria os olhos após um leve suspiro, a porta o empurrou para fora.
Era leve a imitação de silêncio do lado de fora. Caminhava através do corredor escuro observando atentamente o teto do único modo que conseguia não observar nada. A máscara parecia apertada. Quente. Sem desviar os olhos para baixo, puxou-a do rosto com algum desprezo e atirou-a para trás. Seguiu assim, com o rosto baixo, o caminho até chegar a um jardim. Andou alguns metros pela escuridão até a base de um arbusto onde, fraco, deitou-se - ou caiu, não sabia bem definir.
'Alô?' Parecia muito longe o som em sua mente. Procurava identificar entre os zunidos todos em sua cabeça o que o chamava. 'Alô!?' De repente, despertou com um susto, abrindo rapidamente os olhos ainda doloridos sem saber bem o porquê.
Por entre as palhas de um coqueiro, Órion o observava curioso. Alerta, correu a vista para o lado encontrando dois olhos muito azuis - esses perigosamente mais próximos que os primeiros - tomados por uma vermelhidão desconcertante. 'Está bem?!' tornaram a falar os olhos, agora mais calmos. Eram olhos estranhos. Explícitos. Violentamente explícitos e inesperadamente doces, apesar da (ou por causa da, é difícil dizer) vermelhidão.
Respondeu ‘oi...’, e a noite foi boa como a muito tempo não era.
[estou voltando... enfim...
e, soh pra constar: odeio não ter tempo.
vou botar um monte de coisa em dia - eu mesmo , principalmente - antes do final da semana :)]
terça-feira, julho 25, 2006
quinta-feira, julho 06, 2006
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quem passar aqui, pelo amor de deus, diga alguma coisa boa.
nao precisa ser nada engraçado nem precisa assinar, não...
basta dizer qualquer coisa boa.
(ou quantas quiser)
nao precisa ser nada engraçado nem precisa assinar, não...
basta dizer qualquer coisa boa.
(ou quantas quiser)
segunda-feira, julho 03, 2006
- Dança comigo?
- Essa música não... essa é tão triste...
- De que importa? Não é um baile de máscaras?
- Mas eu vim sem máscara. Essa cara branca e essa lágrima tatuada, eu nasci com elas.
- Então quando parar a música a gente dança.
- E o resto do tempo?
- O que tem o tempo?
- Você não vai t...
- ...
- O que foi? Está rindo de que?
- É que essa mancha no teu rosto sai com o vento. E você nem notou.
- Essa música não... essa é tão triste...
- De que importa? Não é um baile de máscaras?
- Mas eu vim sem máscara. Essa cara branca e essa lágrima tatuada, eu nasci com elas.
- Então quando parar a música a gente dança.
- E o resto do tempo?
- O que tem o tempo?
- Você não vai t...
- ...
- O que foi? Está rindo de que?
- É que essa mancha no teu rosto sai com o vento. E você nem notou.
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