sexta-feira, fevereiro 24, 2006

era uma vez um pintinho que nasceu sem uma perninha...

ele passou o resto da vida ciscando com a muleta.

[nem toda história eh igual...]

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

das tendas...


Essa semana eu fui a um circo
e conheci um palhaço de verdade.

Um bêbado de pernas inconstantes
que parece engraçado
porque suas roupas frouxas
permitem que ele seja ridículo
sem ser realmente ridículo;
e que parece leve
porque sua máscara pintada
permite que ele seja feliz
sem ser realmente feliz

Os palhaços devem ser protegidos pelos deuses
muito mais que os malabaristas,
que fingem que voam
muito mais que os mágicos,
que fingem que são deuses
muito mais que as crianças,
que não fingem nada!
palhaços têm isso de não precisar fingir nunca
porque todos acham que é mentira sempre.

Os palhaços devem ser odiados pelos deuses
muito mais que os malabaristas,
que sabem como é voar por instantes
muito mais que os mágicos,
que sabem como é ser deus por instantes
muito mais que as crianças
que não precisam saber nada.
Palhaços vivem a dois passos da verdade
mas têm que fingir, além do rosto, a alma.

[um dia eu queria deixar de fazer graça e ser dono de circo...]

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

qualquer coisa sobre chuva, sábado e batata frita.


[explicando por que eu estava há tanto tempo longe disso aqui...
e por que eu estava há tanto tempo longe de mim...]

Eu vi um sorriso cair
e se quebrar no chão.
Não era meu, o sorriso,
mas eu fiquei triste
porque eu queria que fosse.

Eu sei que eu devia estar feliz.
Eu juro que queria estar feliz
Mas as vezes eu acho isso complicado demais.
[é +- isso...]
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Não sei... eu quero, mas não sei por que...
nem sei o que, nem sei como.
eu procuro um nome pra escrever em giz de cera
e quero um rosto com mil caras diferentes
e quero um sorriso por segundo
e quero 5 horas por segundo
[mas quando eu estou só,
não quero hora nenhuma.]
Eu quero uma porção de batatas fritas
e quero poder rir só porque as batatas fritas são batatas fritas.
Eu quero uma chuva fina a noite inteira
e quero sentir um frio imenso nos pés
e ter dúzias de lençóis na minha cama.

Mas, por enquanto, chove forte
e eu ainda estou deitado a grama
procurando num pedaço do céu sem nuvens
um pedaço do chão sem chuva.

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

conversa...

' E se . . . se . . .
porque o . . .
Ah, você me entende, né?
Você sempre me entende...'

(as vezes acho que eu sou meio gago de pensamento...)

outra noite...

Estou escrevendo p'ra pensar
porque não consigo fazer qualquer coisa....

É madrugada, agora
e essa maldita torneira não pára de pingar.
[preciso urgentemente de tampões de ouvido
e de um travesseiro novo
e de um inseticida
e de uma janela longe da lua]

E o vizinho faz silêncio demais
[Quem vai me distrair
dessas idéias...
dessas perguntas...
que não param de pingar na minha cabeça]

'Por que... Por que... Por que...'
A água não responde.
As perguntas vêm de parede em parede
de sussurro em sussurro
ser minhas e ecoam só dentro de mim.

Dentro de mim...
Eu... ?
Logo eu, que nunca coube mesmo dentro de mim;
eu, que sigo me equilibrando
em um par de pernas tontas de homem
e um punhado de idéias tortas de menino.

Quem são esses fantasmas no meu quarto?
[Preciso também cobrir meus pés...]

Não, não estou confuso.
Não, não estou com medo.
Não, não sei...

Pensei hoje...
acho que isso de viver não é sobre voar,
é sobre cair na hora certa...