quarta-feira, outubro 17, 2007

Insônia

Essa noite eu não vou pra cama.

Eu tenho uma noite longa,
três mosquitos zunindo por dentro,
e um travesseiro de pedras me esperando.
Não, essa noite eu fico aqui.

Essa noite a culpa é minha.
Todas as culpas, na verdade,
de todas as coisas.
Eu as quero - as culpas.
As coisas deixaram um vazio grande demais aqui;
as culpas sempre são maiores que as coisas.
Sim, culpas devem bastar pra me preencher.

Homens são feitos de soluço
do incomodo vazio, do mal estar,
da consequência do choro.
Homens são talhados em mofo, talvez
talvez em sombra,
talvez nem sejam.

E a noite
e o que me resta
o que é?

-Sou eu... - a culpa, sedutora, sussurra em meus ouvidos.


[Quem quer que tenha levado as coisas todas,
que tenha roubado o desvazio que eu era antes,
volte e leve também os sentidos do que havia.]

4 comentários:

DiggerJane disse...

...eu queria um dia conseguir produzir imagens com a leveza da tua poesia...


pára nunca de escrever...

Lubi disse...

É, sempre a indesejada.

Beijo.

Rayanne disse...

De nó ancorado dentro,
na insônia das coisas.

**Estrelas**

Giuliana disse...

:)