quarta-feira, novembro 05, 2008

sobre as cores

[O que acontece com as manhãs quando chove?]

chove.
a menina que espera o ônibus tem olhos de aquarela
e azul sempre escorre assim tão depressa que

a menina, e a rua,
e os bancos da praça
tudo é desenhado a mão num pedaço de guardanapo,
amassado e atirado ao chão da calçada.

e esse som antigo
e essa cor enorme
e o cheiro de guardado dos jardins
tudo inunda o tempo com o peso do mundo.

porque as nuvens de chuva sempre vêm em tons de cinza
as sombras viram tormentas
e os balanços no parque parecem só correntes.

O onibus chega
guardado, antigo, enorme.
e ninguém mais ouve o som que a menina faz quando respinga.


e hoje parece que tudo foi sempre um março só.

4 comentários:

Anônimo disse...

e precisamos esperar os dias de sol. sempre.

Rayanne disse...

Mas os pingos da chuva guardaram prá sempre as cores da menina. Quando eles escorreram olhos adentro, fecundando Marços, Abris e Maios na tua memória, poeta.

**Estrelas**

Lubi disse...

gosto tanto.
tava com tanta saudade, sabia?

e em mim, são várias. nunca consegui contar.

Anônimo disse...

só quer ser poeta, óia! tô dizenu mermo!

ei, o link do meu brógui é www.lorotasnathalisticas.blogspot.com

é que eu to no trabai e nao dá pra logar no gmail, ou seja, non dá pra assinar

xero, man!